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ABSTRAÇÃO SOCIAL:

arte abstrata, reflexão social. 

escrito por a Andrógina   

 26 de agosto de  2022

Existe uma política estrutural que engendra nossos corpos e nossas possibilidades de existência, endossados por um vínculo de narrativa binária a partir de figuras que sinalizam leituras desses corpos, limitando nossa existência no campo e atuação social.

 

Essa lógica equivoca o figurativo entrosado às questões sociais, enquanto a arte abstrata é vista com distanciamento social e político, preocupada em exaurir uma técnica ou formas incompreendidas. Contudo, a abstração, apesar de surgir com uma demanda muito específica, é um recurso que precisa ser revisitado, principalmente por todes aqueles que atravessam e transgridem a visão ciscentrada.

 

Em um breve recorte  na história, a pintura modernista ou abstrata foi um momento em que a arte deixou de retratar outros elementos para expressar a si mesma, em teoria, cada uma se "tornaria ‘pura’, e nessa pureza iria encontrar a garantia de seus padrões de qualidade, bem como sua independência" (GREENBERG, pág. 102, 2001). A pesquisa que estou desenvolvendo encontra-se neste momento, no qual justamente aquilo que se conhece como abstração ou que se mostra puro em seus elementos está, na verdade, encharcado de conotações discursivas que prendem nossa lógica a uma herança da política de alteridade (Simone de Beauvoir, 1949; e Djamila Ribeiro, 2017) ou da heterossexualidade compulsória (Monique Wittig, 1992) como naturalizantes. Resumidamente, discussões sobre o que é arte e as revoluções sexuais e de gênero entoam em uma superfície, reforçando uma ideia de arte temática ou identitária e nada além disso.

 

É a partir de uma crítica que fuja da imagem pronta e que amplie a abstração como campo atuante sobre as estruturas e a Arte, provocando novas narrativas para interceptar uma pesquisa arqueológica, que se permite desvelar as entranhas subversivas dos territórios entre corpo e identidade além da figuração.

texto revisado por Julia Bernardet.

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