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O falso privilégio na criação de espaços femininos cisgêneros e a lógica da legitimidade por exclusão

escrito por a Andrógina   
03 de setembro de  2023

A história da binariedade, além de recente, é de uma malícia que atende e reforça as estruturas sexistas (e racistas). O grande pilar do machismo cisgênero determinou a superioridade de um órgão sobre o outro, e quem possui outro órgão tem menos valor na hierarquia social.e quem possui outro órgão tem menos valor na hierarquia social.

 

É muito estranho como, na própria historicidade da sexualidade, sexo e gênero são convertidas em contos que reforçam uma biologia restritiva e naturaliza uma construção irreversível de experiências exclusivas para certos corpos.

 

Não é de se espantar que a história atende a um corpo cisgênero, masculino e branco de classes específicas, e isso se aplica também a outras narrativas de poder, como a religião e a ciência, uma religião dominante que elege um homem todo poderoso e uma ciência que garante uma força superior na natureza masculina (conveniente, não?). Tudo o que foi produzido à sombra desta construção é a partir do ponto de vista desta existência específica. Um exemplo pontual disso é como as nomeações das partes da vagina provém de nomes dados ao pênis, pois se acreditava que ambos eram iguais com uma diferença de calor ( LAQUEUR, 2001) que o feto recebia e que punha tal órgão para "fora" assim, formando o pênis. 

 

Essa lógica conduziu a uma prioridade epistemológica e uma exclusão praticamente automática de tudo que o âmbito social podia oferecer de poder para um ser humano e um cidadão. Na política, na família, nos esportes. Aquilo que não era masculino não merecia espaço, sendo apenas a partir do processo de reivindicações de mulheres cisgêneras que esses espaços começaram a receber esses corpos. 

 

Contudo, essa não é a grande malícia do patriarcado, a grande malícia foi a criação  desses espaços exclusivamente "femininos", o que alimentou nos corpos de mulheres cisgêneras uma ideia de diferença e inferioridade que se percebe até os dias de hoje.

 

A ideia de espaços femininos, esportes femininos e produtos femininos é garantir que o espaço de poder não seja invadido, e que qualquer humanidade seja posta à prova em uma condenação sexista, como recordes e fama entre futebol feminino e masculino, uma diferença gritando misoginia e privilégio cisgênero masculino.

texto revisado por Julia Bernardet.

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