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Pênis: genitália ou bélica?

Reflexões sobre a naturalização da violência a partir do genitalismo.

escrito por a Andrógina   

16 de janeiro de 2021

Os órgãos genitais são aparelhos que instrumentalizam a função social da reprodução. Nesse contexto, pênis é estimulado por uma cultura que precisa dele ereto, pois é a partir dessa ação que há chance de se garantir um ato sexual com finalidades reprodutivas.

 

Isso estimulou, com uma narrativa médica e religiosa tendenciosa, uma conduta falocêntrica que distorce os valores sociais, vigiando apenas a ereção como modo de reprodução disfarçado de prazer e orgasmo, produzindo uma cultura que subjuga o  corpo penetrado e incita a violência sobre ele.

 

A experiência da penetração sintetiza o que temos de mais violento em nossa sociedade, como a sistematização da virgindade, do dote, do estupro e da invasão de terra. Na qual penetrar torna-se um sinônimo de domínio e humilhação dentro da cultura falocêntrica. Uma guerra entre corpos que só quem possui força bélica (pênis) vence.

 

Ser penetrado é tão passível a qualquer corpo  quanto penetrar. Entender como algo exclusivo a um sexo ou como um ato vexatório, além de reduzir outras formas de prazer e identidades, naturaliza uma ação como violenta, que não é natural, mas perversa.

 

Possuir uma anatomia específica não deveria garantir a ninguém privilégios.Isso só nos mostra o quanto ainda somos ignorantes sobre nossos próprios corpos e distantes de qualquer política ou exercício de democracia. A sociedade precisa aprender de vez que desgenitalizar os corpos não é hierarquizar identidades, mas permitir que todo corpo tenha o direito de acesso, expressão e identidade sem o medo da violência.

 

Somos armados e armadas por natureza?

E se somos, pra qual natureza?

texto revisado por Julia Bernardet.

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