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a morte da linha.

escrito por a Andrógina   

09 de MARÇO de 2021

O que dividiu nossos pensamentos, definiu o final de compreensões, calculou contas, desenhou mapas e caminhos. Olhada mais de perto ou em escala maior, revela algo além do ato de dividir. Ela toma corpo e forma, amorfa de vocabulários, mas constantemente tomando corpo: dos lados, acima ou em sua profundidade. Só precisamos escutar com os olhos de quem ouve. Nesse momento, o limite se transforma em outro território, essa terra da qual falo chama-se: linha.

 

A linha é uma medida, uma representação gráfica que parece definir fronteiras e limites. Contudo, em um mundo com mais de duas dimensões, se fossemos atribuir uma existência a ela, seria a proximidade ou confronto entre corpos e suas formas, tamanhos, volumes. Contraste... Não se limitaria apenas a uma divisão. Ampliaria uma fresta para a criação de um outro espaço, "espaço entre" que se revela a cada tensão entre suas fronteiras.Um espectro vivo e mais profundo, o emergir do contemporâneo.

 

A morte da linha não trata de seu fim, mas de um exercício de mapeamento de possibilidades além do corte ou cisão.

 

Aquilo que se conhece como linha tem propriedades que não vemos devido a uma cultura binária e a política da alteridade , onde as coisas são divididas em duas... Mas e se essa divisão cria algo novo, que ainda não conseguimos ver?

 

Rever a linha e retirá-la de finalidade de corte ou divisão é permitir  a ação do mapeamento do espaço de toda geopolítica que divide o corpo em apenas duas manifestações legítimas.

 

Pois, se somos apenas macho e fêmea, o que nos resta de humanidade?

texto revisado por Julia Bernardet.

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