Cartografx dx Corpx (Cartografi di corpi):
Um exercície para corpes escondides
escrito por a Andrógina
09 de FEVEReiro de 2021
Minha pesquisa começa (2016) com uma pulsão pelo autoconhecimento, para entender a minha identidade. A partir das interações criadas pelo meu corpo em resposta a discursos e dispositivos sociais.
A lógica do meu corpo e minha representação no mundo inicia-se a partir da expressão de identidade andrógina. Com essa experiência atravesso outras áreas do conhecimento, como a geografia e a geologia, para mapear e entender tal processo.
A partir desses estudos, pelo estímulo de compreensão sobre as construções sociais de visão binária e heterocentrada, percebi fendas que abrigavam um território não desconhecido, mas negligenciado.
Cruzando com nossas culturas de sinalização, com mapas e GPS, pude me debruçar sobre a percepção de acesso aos espaços, mas os corpos que os habitavam, ainda restrito em sua leitura, a do macho e a da fêmea.
Tais "corpos" e culturas criam entre si uma linha, uma fronteira, que se realmente existia, deveria ter nessa formação entre, um terreno fértil de outras subjetividades. O estudo cartográfico abriu uma análise desses limites territoriais de corpes ainda não mapeados.
Compreendi que o estudo cartográfico e topográfico de um corpo não condiz com algo que o registre, mas provoque uma tensão sobre o que pode ser ou não percebido. Ampliando percepções sobre os diferentes níveis de compreensão de um corpo, corpa, corpe ou corpx, como condutor social, imbuído de outras instituições além da anatomia e biologia.
O corpo como paisagem ou território dialoga com imagens não só naturais, mas políticas e sociais. Limites, horizontes, níveis e permissões, além disso, nos provoca a compreensão de múltiplas corporeidades em um único corpo, paisagem que existe dentro de outra paisagem e assim por diante.
Uma linha revela um espaço entre fronteiras, e ela morre como linha, pois não é corte nem divisão. Ela é forma, amorfa, mas possui uma pulsão de significados e particularidades. Compreender sobre corpxs é uma cartografia de territórios que ainda não (re)conhecemos. Podem ser terras que ainda nem habitamos hoje, mas chegaremos lá, por uma caminho, uma mapa, uma linha...
texto revisado por Julia Bernardet.